Prós e Contras na RTP1
Esta semana o debate “Prós e Contras”na RTP 1 focou os temas da Cimeira Europa-África e do Tratado de Lisboa.
De um lado as vozes de Pacheco Pereira e Miguel Portas, fazendo o papel de contestatários, e do outro João Cravinho (Secretário de Estado dos Assuntos Europeus) e um Eurodeputado do PS que tinham as posições mais institucionais e de alinhamento comunitário.
Foi óbvio, que o lado europeu e institucional ficou a perder, pelo mérito da boa argumentação de Portas e Pacheco e pelo demérito de dois intervenientes euro-convictos que tinham um discurso demasiado formatado e uma fraca expressividade e determinação a defenderem as suas posições.
Foi com desagrado que vi que no painel de jovens que puderam intervir no debate e colocar questões à mesa, haviam alunos de vários cursos e áreas do saber, menos de Estudos Europeus. Isto demonstra que apesar de sermos (teoricamente) os mais qualificados para falar nestas situações, ninguém sabe que existimos.
Foi visível que existem duas posições bastante divergentes no seio da UE: uma que tem grandes duvidas sobre a construção europeia, sobre o Tratado e sobre o futuro da UE; e outra que defende a integração, que acredita que este é o melhor caminho, e que relega o papel dos cidadãos para segundo plano.
Acerca da discussão sobre o Tratado, e como seria de esperar, as posições pró referendo e contra-referendo fizeram-se notar. Este é um debate estéril que não contempla a verdadeira magnitude do problema. O debate de 20 anos de integração de Portugal na Europa não se faz na campanha para um referendo. O défice de conhecimento europeu por parte da população é estrutural e exige uma mudança de mentalidade que não produz efeito a curto ou médio prazo. Temo que um referendo seja um pretexto para se debater questões laterais e fazer campanha interna em vez de esclarecer os cidadãos. E continuo a achar que um texto jurídico daquela envergadura não é referendável.
Interessante foi ver a posição sobre o Alto Representante da Politica Externa da UE. Pacheco Pereira no seu estilo habitual disse que não são possíveis consensos em matérias fulcrais de politica externa, bem como Miguel Portas. Fica claro que o que se criou foi uma figura de “faz de conta”. Até os representantes institucionais não se alargaram muito na questão, porque percebem que esta figura não terá muito espaço de manobra e está condenada ao fracasso.
Só faltou neste debate sobre a Europa ouvir aquilo que é 99% dela: o povo. Ai teria sido interessante ver a Fátima Campos Ferreira estar a fazer perguntas durante 3 horas a pessoas comuns e ouvir sempre a mesma resposta: “Ham?!”
Ficou claro que a percepção sobre a Europa requere uma mudança de atitude das instâncias politicas e uma urgente “Educação para a Europa” que dê aos cidadãos instrumentos para compreender esta realidade complexa e em constante mutação.
Fábio Vieira
MPE
Esta semana o debate “Prós e Contras”na RTP 1 focou os temas da Cimeira Europa-África e do Tratado de Lisboa.
De um lado as vozes de Pacheco Pereira e Miguel Portas, fazendo o papel de contestatários, e do outro João Cravinho (Secretário de Estado dos Assuntos Europeus) e um Eurodeputado do PS que tinham as posições mais institucionais e de alinhamento comunitário.
Foi óbvio, que o lado europeu e institucional ficou a perder, pelo mérito da boa argumentação de Portas e Pacheco e pelo demérito de dois intervenientes euro-convictos que tinham um discurso demasiado formatado e uma fraca expressividade e determinação a defenderem as suas posições.
Foi com desagrado que vi que no painel de jovens que puderam intervir no debate e colocar questões à mesa, haviam alunos de vários cursos e áreas do saber, menos de Estudos Europeus. Isto demonstra que apesar de sermos (teoricamente) os mais qualificados para falar nestas situações, ninguém sabe que existimos.
Foi visível que existem duas posições bastante divergentes no seio da UE: uma que tem grandes duvidas sobre a construção europeia, sobre o Tratado e sobre o futuro da UE; e outra que defende a integração, que acredita que este é o melhor caminho, e que relega o papel dos cidadãos para segundo plano.
Acerca da discussão sobre o Tratado, e como seria de esperar, as posições pró referendo e contra-referendo fizeram-se notar. Este é um debate estéril que não contempla a verdadeira magnitude do problema. O debate de 20 anos de integração de Portugal na Europa não se faz na campanha para um referendo. O défice de conhecimento europeu por parte da população é estrutural e exige uma mudança de mentalidade que não produz efeito a curto ou médio prazo. Temo que um referendo seja um pretexto para se debater questões laterais e fazer campanha interna em vez de esclarecer os cidadãos. E continuo a achar que um texto jurídico daquela envergadura não é referendável.
Interessante foi ver a posição sobre o Alto Representante da Politica Externa da UE. Pacheco Pereira no seu estilo habitual disse que não são possíveis consensos em matérias fulcrais de politica externa, bem como Miguel Portas. Fica claro que o que se criou foi uma figura de “faz de conta”. Até os representantes institucionais não se alargaram muito na questão, porque percebem que esta figura não terá muito espaço de manobra e está condenada ao fracasso.
Só faltou neste debate sobre a Europa ouvir aquilo que é 99% dela: o povo. Ai teria sido interessante ver a Fátima Campos Ferreira estar a fazer perguntas durante 3 horas a pessoas comuns e ouvir sempre a mesma resposta: “Ham?!”
Ficou claro que a percepção sobre a Europa requere uma mudança de atitude das instâncias politicas e uma urgente “Educação para a Europa” que dê aos cidadãos instrumentos para compreender esta realidade complexa e em constante mutação.
Fábio Vieira
MPE
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