O caminho para Bruxelas
GERAÇÃO DESENRASCA
Procura um emprego que vá ao encontro da sua formação. O curso de Estudos Europeus prometia-lhe o mundo. Jorge Coimbra, 29 anos, ainda não descobriu o que fazer com ele.
Quando em 1995 ingressou na licenciatura de Estudos Europeus, na Universidade Moderna, no Porto, Jorge Coimbra, acreditava que este seria ?um curso com futuro?. Mais especializado e inovador que o de Relações Internacionais em matérias europeias. Portugal ia de vento em poupa na então CEE (Comunidade Económica Europeia) e Jorge viu no curso uma oportunidade de estudar ?os desafios e os problemas que se colocariam ao País?. A meta dos seus sonhos: Bruxelas. Algum emprego lhe estaria destinado nos inúmeros gabinetes da Comissão Europeia. Ou então, numa empresa de cariz internacional com negócios espalhados por toda a Europa. Exemplos de vias profissionais estampadas em folhetos de promoção. O curso iria permitir-lhe trabalhar exactamente em quê? Jorge suspira sem conseguir dar uma resposta concreta à pergunta.
Entretanto, para dar uma ajuda aos pais, na altura proprietários de um restaurante, Jorge começou a servir os almoços e os jantares. Era algo que não prejudicava muito o curso. Além disso, o seu trabalho permitia aos pais poupar em empregados e para Jorge era uma maneira de ?merecer? o dinheiro gasto na propina mensal.Os anos sucedem-se ao ritmo dos exames e das queimas. Na universidade Jorge vai somando desilusões. Faz cadeiras sem lhes ver a utilidade. Muita teoria e pouca aplicação. Está no quarto ano. E quando chegam as férias, Jorge aproveita uma oportunidade de trabalho num hotel como mandarete. Começa por fazer as férias e as folgas dos funcionários. Mas um ano depois fazem-lhe uma proposta para trabalhar a tempo inteiro. De 5ª feira a Domingo, oito horas por dia. Jorge aceita.
A licenciatura entretanto está na recta final. As perspectivas já não são tão animadoras como no início. Bruxelas está cada vez mais fora do seu caminho. Jorge tem consciência disso. Ainda assim procura ver a mais valia de anos de estudo. O orgulho impede-o de lamentar o ingresso no curso. A sua conclusão pouco mais é do que o caminho inevitável.
Terminado o percurso universitário a procura de emprego assume os contornos previstos. Envio de currículos espontâneos. Por email ou via postal. Cartas endereçadas a ?Exmos Srs Directores? ou a abstractos ?Departamentos de Recursos Humanos?. Cartas entregues em mão a gente desconhecida que faz o favor de as aceitar. A leitura rotineira dos anúncios de emprego nos classificados dos jornais diários. Acrescida das pesquisas na Internet.
única coisa que Jorge dispensou no rame rame da procura de trabalho foi a inscrição no Instituto de Emprego e Formação Profissional. ?Para quê??, questiona-se. ?Tive um amigo que se foi inscrever e saiu de lá deprimido por ver tanta gente desempregada pelos corredores.? Jorge quis evitar a depressão.
Á falta de emprego vai acumulando horas e horas de formação. As áreas são as mais diversas possíveis. Cursos de Inglês, Espanhol, Construção de Páginas Web, Internet, Excel, Gestão de Empresas, Desenvolvimento Pessoal, Gestão de Recursos Humanos, Criatividade, Inteligência Emocional. A lista vai longa. Por vontade de Jorge continuará a engrossar. Pelo menos enquanto Jorge acreditar que pode assim alargar o seu campo de oportunidades laborais. Na prática não lhe têm valido de muito. ?Até agora só me têm dado frutos pessoais.? Apesar de já lhe terem custado cerca de 700 contos de ordenados no hotel. Mas nisso Jorge prefere nem pensar muito. Prefere falar do estágio não remunerado que realizou na Câmara Municipal de Valongo. A ?mais valia? que encabeça o seu currículo logo a seguir ao item Licenciado em Estudos Europeus.Durante seis meses Jorge acumulou ao trabalho no hotel um estágio no Gabinete de Desenvolvimento Económico daquela autarquia. Contactou empresas para averiguar quais eram ou não viáveis no concelho e as que entretanto teriam ido à falência. Actualizou uma base de dados com 3 mil registos. Fez um arquivo de informação com notícias publicadas diariamente na imprensa sobre o concelho e a autarquia. Mas o que mais gostou de fazer foi dar informações às empresas sobre como se candidatarem aos fundos europeus. Uma função mais adequada ao seu curso mas que não lhe assegurou um emprego. Por isso enquanto o futuro não ganha contornos mais definidos Jorge continua a levar a bagagem dos hóspedes para os quartos: ?É um trabalho monótono, mas é o que me dá a independência??, desabafa.
Descaradamente retirado de
Procura um emprego que vá ao encontro da sua formação. O curso de Estudos Europeus prometia-lhe o mundo. Jorge Coimbra, 29 anos, ainda não descobriu o que fazer com ele.
Quando em 1995 ingressou na licenciatura de Estudos Europeus, na Universidade Moderna, no Porto, Jorge Coimbra, acreditava que este seria ?um curso com futuro?. Mais especializado e inovador que o de Relações Internacionais em matérias europeias. Portugal ia de vento em poupa na então CEE (Comunidade Económica Europeia) e Jorge viu no curso uma oportunidade de estudar ?os desafios e os problemas que se colocariam ao País?. A meta dos seus sonhos: Bruxelas. Algum emprego lhe estaria destinado nos inúmeros gabinetes da Comissão Europeia. Ou então, numa empresa de cariz internacional com negócios espalhados por toda a Europa. Exemplos de vias profissionais estampadas em folhetos de promoção. O curso iria permitir-lhe trabalhar exactamente em quê? Jorge suspira sem conseguir dar uma resposta concreta à pergunta.
Entretanto, para dar uma ajuda aos pais, na altura proprietários de um restaurante, Jorge começou a servir os almoços e os jantares. Era algo que não prejudicava muito o curso. Além disso, o seu trabalho permitia aos pais poupar em empregados e para Jorge era uma maneira de ?merecer? o dinheiro gasto na propina mensal.Os anos sucedem-se ao ritmo dos exames e das queimas. Na universidade Jorge vai somando desilusões. Faz cadeiras sem lhes ver a utilidade. Muita teoria e pouca aplicação. Está no quarto ano. E quando chegam as férias, Jorge aproveita uma oportunidade de trabalho num hotel como mandarete. Começa por fazer as férias e as folgas dos funcionários. Mas um ano depois fazem-lhe uma proposta para trabalhar a tempo inteiro. De 5ª feira a Domingo, oito horas por dia. Jorge aceita.
A licenciatura entretanto está na recta final. As perspectivas já não são tão animadoras como no início. Bruxelas está cada vez mais fora do seu caminho. Jorge tem consciência disso. Ainda assim procura ver a mais valia de anos de estudo. O orgulho impede-o de lamentar o ingresso no curso. A sua conclusão pouco mais é do que o caminho inevitável.
Terminado o percurso universitário a procura de emprego assume os contornos previstos. Envio de currículos espontâneos. Por email ou via postal. Cartas endereçadas a ?Exmos Srs Directores? ou a abstractos ?Departamentos de Recursos Humanos?. Cartas entregues em mão a gente desconhecida que faz o favor de as aceitar. A leitura rotineira dos anúncios de emprego nos classificados dos jornais diários. Acrescida das pesquisas na Internet.
única coisa que Jorge dispensou no rame rame da procura de trabalho foi a inscrição no Instituto de Emprego e Formação Profissional. ?Para quê??, questiona-se. ?Tive um amigo que se foi inscrever e saiu de lá deprimido por ver tanta gente desempregada pelos corredores.? Jorge quis evitar a depressão.
Á falta de emprego vai acumulando horas e horas de formação. As áreas são as mais diversas possíveis. Cursos de Inglês, Espanhol, Construção de Páginas Web, Internet, Excel, Gestão de Empresas, Desenvolvimento Pessoal, Gestão de Recursos Humanos, Criatividade, Inteligência Emocional. A lista vai longa. Por vontade de Jorge continuará a engrossar. Pelo menos enquanto Jorge acreditar que pode assim alargar o seu campo de oportunidades laborais. Na prática não lhe têm valido de muito. ?Até agora só me têm dado frutos pessoais.? Apesar de já lhe terem custado cerca de 700 contos de ordenados no hotel. Mas nisso Jorge prefere nem pensar muito. Prefere falar do estágio não remunerado que realizou na Câmara Municipal de Valongo. A ?mais valia? que encabeça o seu currículo logo a seguir ao item Licenciado em Estudos Europeus.Durante seis meses Jorge acumulou ao trabalho no hotel um estágio no Gabinete de Desenvolvimento Económico daquela autarquia. Contactou empresas para averiguar quais eram ou não viáveis no concelho e as que entretanto teriam ido à falência. Actualizou uma base de dados com 3 mil registos. Fez um arquivo de informação com notícias publicadas diariamente na imprensa sobre o concelho e a autarquia. Mas o que mais gostou de fazer foi dar informações às empresas sobre como se candidatarem aos fundos europeus. Uma função mais adequada ao seu curso mas que não lhe assegurou um emprego. Por isso enquanto o futuro não ganha contornos mais definidos Jorge continua a levar a bagagem dos hóspedes para os quartos: ?É um trabalho monótono, mas é o que me dá a independência??, desabafa.
Descaradamente retirado de
10 Comentários:
Um curso de letras que não dá emprego? Parem as prensas! Temos notícia.
Pobre coitado, trabalha como rapaz de fretes porque sabe fazer coisas que toda a gente sabe fazer ou que podem aprender a fazer com o mínimo de esforço. Falar inglês? Internet? Excel? INTELIGÊNCIA EMOCIONAL? Pela mor de Deus. Pelos vistos a formação em criatividade também foi dinheiro mal gasto.
Se estão a tirar um curso sem conhecimentos práticos no que diz respeito à vida real, ao menos que pensem um bocadinho.
Não é como se tivessem uma desvantagem em relação ao licenciado em X, o curso que dá emprego. As empresas só o contratam porque, pelo menos, mostrou alguma dedicação para acabar o curso. E pode ter alguns conhecimentos que podem ser úteis nas funções enquanto macaco de escritório - que também podem ser desempenhadas por outro macaco qualquer, o que torna a sua substituição em caso de incompetência relativamente fácil.
Ter sucesso moderado na vida não requer proficiência em física nuclear. Depois não venham chorar porque o mundo não vos dá coisas de bandeja.
Ora se escreve neste blog que o curso de EE é o melhor, ora se reproduzem textos taralhocos de tipos que não sabem o que fazer na vida.
Que inconsistencia, não viesse de quem vem....
Este não é, de longe, o único curso que não tem grandes saídas profissionais, pelo menos neste país.
A história de Jorge Coimbra é uma de muitas, não podemos desanimar!
Quanto à parte prática, desconheço qualquer profissão em que não tenhamos de aprender tudo o que precisamos para singrar, no momento em que entramos e nos apercebemos que a nossa educação de pouco serviu!
Caro FV
«Há pessoas que transformam o sol numa simples mancha amarela,mas há aquelas que fazem de uma simples mancha amarela o próprio sol».
Pablo Picasso
Como é teu hábito refugias-te naquilo que os outros escrevem. Contudo, e muito amavelmente, dedico esta citação de um grande mestre:
"O sábio fala porque tem alguma coisa a dizer; o tolo, porque tem que dizer alguma coisa".
Platão
Fábio,
Sinceramente, há muito que perdeste a piada e ultrapassaste o limite do bom gosto.
Deixo-te com a tua casinha de bonecas.
THE END
Eu por norma não costumo abordar este tipo de discussões, por pensar que é dar protagonismo a algo que não deveria estar a ser debatido neste blogue, mas tendo em conta as pessoas em questão, pessoas pelas quais sinto e nutro uma enorme estima e consideração, senti a necessidade de intervir.Dizendo que desta vez compreendo a última resposta do Pedro Russo, pois, meu caro Padrinho, não sei se alguém te informou, mas se te informou, não o fez da melhor forma, mas não foi o Pedro que começou com a história das "cunhas", quem o fez foi um tal "anónimo" que por se designar desta forma, não fazemos a mínima ideia de quem é a pessoa em questão.Quanto ao texto da pessoa do " caminho para Bruxelas" devo lembrar que não é só o Pedro que coloca textos neste blogue, somos no total 6 ou 7, e tendo em conta que cada ser humano é único é natural que apareçam textos, uns mais motivadores outros menos, e neste caso o que o Pedro quis, foi mostrar que na vida nem tudo são rosas, e neste caso mostrar um licenciado em Estudos Europeus cujo o curso não lhe proporcionou perspectivas de trabalho, tal como a seguir pode colocar um exemplo de um licenciado em Estudos Europeus que tenha tenha excelentes perspectivas de futuro e que mal se tenha licenciado tenha conseguido obter um emprego e um emprego que goste, como é o teu caso.
Cordiais saudações,
Gonçalo Dinis
Sois dignos de comentários de caixas de blogs. Prevejo essa profissao no teu futuro, algures entre moço de recados e escritor de caixinhas de blogs, ou contrutor de casinhas de bonecas.....
que coisa mais estupida... sou estudante de estudos europeus, e o curso é optimo... é pena q nao tenha mt reconhecimento, mas quem se esforça para conseguir boas notas, consegue... colegas que ja acabaram a licenciatura com medias tipo 17, 18 neste momento estão em bruxelas, estrasburgo, ou té mesmo no parlamento em portugal... é preciso falar com as pessoas certas tipo directores de curso, ver os sites especializados em assuntos europeus e saber como agarrar as oportunidades... e todas as cadeiras do curso são úteis.... as oportunidades nao caem do ceu, a culpa d n terem emprego nao é docurso
Eh pá, esta história faz-me pensar. Eu estou na Licenciatura de História desde há duas semanas (na Universidade de Coimbra) mas o que eu queria era Línguas Modernas... Soube agora da 2ª fase e verifiquei que não entrei no que queria. Entrei precisamente em Estudos Europeus!! Agora, a minha questão (ou indecisão) é: Permaneço em História ou "arrisco" a matrícula em Estudos Europeus?
Pá, pelo que muita gente me diz, o curso de História, apesar de também não garantir emprego (nem nada que se pareça) é mais abrangente, ou seja, com o curso de História tirado, tenho mais hipóteses de ficar empregado, pois tenho mais saídas profissionais... O caso do Jorge Coimbra foi um caso de "ilusão" talvez, porque as expectativas eram altas e o futuro brilhante iluminava a sua cabeça. Ele imaginava-se em Bruxelas, tendo um cargo importante e isso não aconteceu por alguma razão. No entanto, não é situação para desistir. Trabalhas na restauração mas tens uma licenciatura em Estudos Europeus? Falas fluentemente mais do que duas línguas? Então porque é que não partes à descoberta do mundo, tentando a sorte, não só na Europa, mas também pelo resto do globo? Tens a formação, tens ambição...o que é que é preciso mais? Experiência? Sem trabalhar ninguém ganha experiência...
P.S.--> Sim, acho que fico em História!
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